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domingo, 19 de janeiro de 2020

domingo, 19 de janeiro de 2020

Nacional: A Terra Encantada (1993-2019)

Vamos começar uma série dedicada ao Paulo Teixeira, figura conhecida na comunidade lusa do ZX Spectrum, mas que também esteve envolvido na programação independente de jogos para MS-DOS. Apesar destes jogos nunca terem sido copiados ou distribuídos, iremos analisar cada um deles e também as edições especiais que o Paulo tem vindo a preparar neste últimos meses, com o apoio do Planeta MS-DOS!

Apresentamos a edição especial de "A TERRA ENCANTADA", jogo português dentro do género de aventuras de texto, originalmente programado por Paulo Teixeira em 1993, para os PC compatíveis.

A aventura começa com a mesma premissa clássica das histórias de fantasia: estamos na pele de um corajoso e jovem aventureiro, Phillip, escolhido pelos anciãos para derrotar o sinistro Malcom, um feiticeiro maléfico que tem vindo a corromper as belezas da Terra Encantada. Mas não estamos sozinhos, pois podemos contar com a ajuda de Sarah, a nossa irmã e aprendiz de feiticeira, bem como com o nosso avô Jones, um dos anciãos do reino.

A interface do jogo.

O jogo é constituído por texto, no qual podemos ler as descrições dos cenários e interagir com estes através de comandos que representam acções, tais como apanhar objectos, falar com outros personagens ou avançar em determinada direcção. A interface, apesar de ser toda em texto, está organizada de modo que o jogador tenha uma leitura fácil do inventário, provisões e outras informações relevantes sobre o estado físico do jogador.

Cada comando digitado corresponde a um turno que irá aumentar os estados de fome e sede, indicados por barras também presentes na interface. De referir que o jogador precisará comer ou beber regularmente para evitar a morte. Pela pontuação total também poderemos acompanhar o nosso progresso no jogo, visto que por cada desafio alcançado a nossa pontuação aumentará.

E por falar em morte, esta não vem apenas quando somos atingidos pela inanição ou desidratação - existem alguns obstáculos naturais que poderão conduzir a um fim súbito e violento. Mas basta estar atento às pistas deixadas nas descrições para evitar tal infortúnio.

Diálogo entre Phillip e Sarah, sua irmã.

Quanto ao nosso herói, este não se encontra sozinho nesta terra encantada - existem outros coadjuvantes que serão essenciais para o sucesso da nossa aventura, sendo obrigatório interagir e dialogar com eles se pretendemos progredir no jogo. Há também Malcom, o antagonista, que nos parecerá estar sempre um passo à nossa frente...

A lista de comandos é variada e permite o uso de verbos, substantivos, artigos definidos e preposições, embora, na maior parte das vezes bastará apenas o verbo e o substantivo. Eis alguns dos comandos que poderemos necessitar para executar diversas acções: APANHAR, FALAR, USAR, OLHAR, entre outros.

Apesar do uso intensivo do texto, há uma boa distribuição das cores que facilita a leitura do mesmo. O jogo possui alguns efeitos sonoros, muito minimalistas, mas que servem para indicar a execução de acções relevantes para o progresso do jogo.

O ecrã da "morte"!



Tivemos oportunidade de testar a versão original e a especial. Além da correcção de uma série de bugs, incluindo um que resultava num softlock (impedindo o avanço no jogo), o Paulo melhorou a consola de entrada de texto,  re-escreveu e ajustou descrições, corrigiu erros ortográficos, e acrescentou o ecrã de fim de jogo (exibindo uma pitoresca caveira), incluíndo também um splash-screen bem como um menu que não existiam na versão original.

Foi também acrescentado um menu principal e novos comandos para permitir a gravação e carregamento do estado de jogo para um ficheiro de savegame, o que muita falta fez nos nossos testes da versão original! Para usar tais funcionalidades basta inserir os comandos SALVAR ou CARREGAR.

Abaixo podemos ver o ecrã de entrada da versão de 1993 e o da versão especial, com o respectivo menu.

Ecrã de entrada (1993)

Ecrã de entrada com menu (2019)

Acrescentamos também que é demasiado evidente a forte influência do "The Legend of Kyrandia", seja nos nome de alguns personagens, seja na forma como os lugares do jogo se distribuem, assemelhando-se a um mapa de aventura gráfica "point & click". O Paulo gentilmente forneceu o seu próprio mapa,  desenhado à mão aquando do desenvolvimento deste jogo. 

Neste mapa percebe-se como a navegação entre os lugares faz-se praticamente num eixo (ESQUERDA/DIREITA) ao contrário dos pontos cardeais (NORTE, SUL, OESTE, ESTE) a que estamos habituados nas tradicionais aventuras de texto - o que de modo algum tira profundidade à história, pelo contrário.

O mapa original desenhado pelo Paulo durante o desenvolvimento do jogo.

O jogo foi programado e compilado com o QuickBasic 7.1, e trabalha com as resoluções 320x200x16 ou 640x350x16.

Recomendamos o uso do DOG como frontend do DOSBox, mas qualquer outro servirá desde que o ficheiro de configuração seja idêntico a este.

Este foi o primeiro jogo programado pelo Paulo, e como tal, não se poderia exigir algo muito complexo ou com maior refinamento. Para quem é fã de aventuras de texto, terá no "A Terra Encantada" um pequeno, mas bom desafio - desde que saiba português!

A página oficial do jogo pode ser acedida por aqui, e a versão especial está disponível gratuitamente aqui.

Dicas:
  • Antes de entrar em casa, precisa abrir a porta!
  • Inspeccione muito bem a divisão onde o seu avô dorme!
  • Se um lugar lhe parecer perigoso, não o atravesse!
  • Não se esqueça de apanhar o punhal, pode dar jeito!
  • Tente falar com a sua irmã Sarah, sempre que se sentir perdido!

2 comentários:

  1. Parabéns, Filipe Veiga pela paciência que te permitiu jogar o meu primeiro jogo PC!
    E obrigado por partilhares esta análise e o jogo para outras pessoas poderem experimentar a A TERRA ENCANTADA! :)

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    1. Obrigado Paulo, o prazer é nosso! O Planeta MS-DOS é para isto mesmo! ;)

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